Imagine-se caminhando pela vibrante Avenida Paulista em São Paulo. Você está no meio de uma multidão diversa. De repente, você vê um grupo de jovens dançando breakdance ao som de hip-hop, com grafites coloridos ao fundo. Esses jovens mostram o que é uma subcultura – cheia de valores e tradições únicas.
Contudo, nem todo grupo ou atividade é uma subcultura. Agora vamos ver o que não se encaixa nesse conceito. Muitas vezes, as pessoas confundem identidades coletivas marginalizadas com atividades comuns ou profissões. Por exemplo, ser engenheiro ou advogado não forma uma subcultura. Isso porque essas profissões não compartilham os valores ou estilos de vida que definem as subculturas.
Uma pesquisa sobre jovens em Portugal mostrou como a cultura deles pode ser uma forma de resistência. Mencionou também como a subcultura hip-hop, desde os anos 70, ofereceu identidade e um sentimento de pertença. Identificar claramente uma subcultura ajuda a entender seu impacto no contexto social mais amplo.
A seguir, vamos detalhar mais sobre subculturas. Veremos como elas são importantes para reconhecer essas identidades coletivas marginalizadas.
Definição de Subcultura
A definição de subcultura diz respeito a um grupo cultural específico dentro de uma sociedade maior. Esse grupo tem valores, crenças e práticas próprias que o diferenciam da cultura principal. Existem vários tipos de subculturas, que podem ser classificadas por gosto musical, estilo ou alimentação.
As subculturas muitas vezes se opõem ao que a maioria pensa e faz, mas essa oposição pode variar. Por exemplo, enquanto a contracultura desafia diretamente a cultura dominante, a subcultura pode apenas ter suas próprias normas e valores específicos. Os grupos de resistência cultural são um bom exemplo disso.
As subculturas têm características únicas, como roupas e linguagem próprias. Alguns exemplos incluem os punks, com seus estilos de cabelo únicos, e os góticos, famosos por suas roupas escuras. Rappers e veganos também são subculturas com seus próprios símbolos e crenças que os diferenciam.
Esses grupos proporcionam aos membros uma identidade exclusiva e um sentimento de pertencer. Eles podem atrair pessoas de diferentes idades, culturas, sexualidades ou gostos musicais.
Diferença Entre Subcultura e Cultura
A diferença principal entre subcultura e cultura está no tamanho e na variedade dos grupos. Uma subcultura é um grupo menor dentro de uma cultura maior. Tem estilos de vida, práticas e valores próprios.
Enquanto isso, a cultura contém várias normas e práticas aceitas por uma sociedade maior.
Franz Boas, um famoso antropólogo, viu que a aculturação muda a cultura original. Gilberto Freyre disse que essa aculturação acontece de mão dupla. No Brasil, a influência indígena aparece na linguagem e na culinária, com o uso de tapioca e mandioca.
Subculturas, como os punks, frequentemente surgem por descontentamento com a cultura dominante. Eles dão um sentido de pertencimento a quem quer expressar sua identidade única. Vestir-se com roupas de couro e pintar o cabelo de cores vivas são marcas da subcultura punk.
Subculturas têm sua linguagem, usando gírias e expressões próprias. Isso ajuda a fortalecer sua identidade coletiva.
Nas empresas, também vemos subculturas. Elas variam entre os departamentos, como vendas e contabilidade. A pesquisa de Lawrence & Lorsch (1973) e Souza (1978 e 1983) mostrou isso. Eles usaram questionários de motivação para entender melhor essas diferenças.
Subculturas não só desafiam normas sociais, mas também criam identidades. Elas influenciam a arte, a música e a literatura. Isso enriquece a sociedade com ideias e visões de mundo diferentes.
Erros Comuns Sobre Subculturas
As pessoas às vezes confundem o que é uma subcultura. Elas pensam que nacionalidade ou trabalho define uma. Mas, na verdade, subculturas são grupos com características culturais únicas. Diferenciar estilos de vida alternativos de verdadeiras subculturas pode ser complicado.
É um erro comum confundir subculturas com grupos que têm uma função social, como policiais ou profissões diferentes. Esses não são considerados subculturas porque o que os une é o trabalho, não traços culturais. Estilos de vida como ser vegano ou minimalista também não são automaticamente subculturas. Mas, em alguns casos, podem mostrar características de uma.
Depois da guerra, surgiram muitas culturas jovens e subculturas, como os teddy boys e hippies. Estes grupos se destacaram por seu estilo e resistência cultural. Na década de 60, o rock’n’roll tornou-se um símbolo de liberdade. Trouxe muitas subculturas que queriam superar os traumas passados. Esse fato mostra que subestimar subculturas ignora sua riqueza e complexidade.
O Impacto das Redes Sociais
As redes sociais são fundamentais na criação de subculturas. Elas conectam pessoas com interesses similares. Essas pessoas podem compartilhar ideias e fortalecer suas identidades. Isso acontece especialmente fora dos espaços tradicionais.
No Brasil, o impacto das redes é grande. O brasileiro fica em média 9 horas e 14 minutos por dia online. Deste tempo, 3 horas e 39 minutos são em redes sociais. Assim, as culturas virtuais crescem e se mantêm.
A tecnologia muda como os consumidores agem. Eles querem mais informações e opções de comprar online. A maioria começa suas buscas na internet usando ferramentas de busca.
Redes sociais alteraram como clientes e empresas se comunicam. Isso criou um jeito de comunicar com conteúdo relevante. O marketing online usa essas plataformas para atingir pessoas de forma eficaz.
Com a COVID-19 e o isolamento, as redes sociais ficaram ainda mais importantes. Em abril de 2020, o Facebook disse ter 3 bilhões de usuários ativos. Isso mostra o grande impacto global das redes.
A cultura digital cria experiências novas que mudam como vemos tempo e espaço. As culturas virtuais ganham força com a evolução tecnológica. Ela muda como nos relacionamos social e culturalmente.
Subculturas na História
Ao longo da história, várias subculturas surgiram. Elas representam resistência ou formas alternativas de expressão. Por exemplo, o movimento beat dos anos 50 antecedeu os hippies, que brilharam nos anos 60. Essa época também marcou o auge da Guerra Fria.
O festival Woodstock, de 1969, é um ícone desses movimentos contraculturais. Previsto para 50 mil pessoas, reuniu cerca de 500 mil. Na mesma era, o feminismo ganhou força, e os protestos contra a Ditadura no Brasil, em 1968, foram marcantes.
Com a Guerra do Vietnã, muitos jovens foram para o combate. Isso resultou em um alto número de perdas. Contra a guerra, o movimento hippie usou o rock como forma de protesto. Ícones como Janis Joplin e Jimi Hendrix se destacaram.
Nos anos 70, os punks chamaram a atenção com suas calças rasgadas e jaquetas de couro. Os góticos, com suas roupas de cores frias, também surgiram na mesma década.
Na Inglaterra dos anos 60, apareceu o movimento skinhead. Inicialmente, era formado por jovens trabalhadores. Mas, infelizmente, acabou associado a ideais ultra-nacionalistas.
Nos anos 80, o emo surgiu, marcado por suas letras intensas e comportamento emocional. Na mesma linha, os skatistas ganharam espaço na Califórnia, inspirados pelos surfistas.
As subculturas urbanas mostram a riqueza da diversidade cultural. Com gostos e estilos variados, movimentos contraculturais florescem nas cidades, criando um mosaico de expressões alternativas.
A Subcultura e a Indústria Cultural
Subculturas e a indústria cultural têm uma relação bem complexa. Isso afeta tanto a cultura popular quanto as cenas alternativas. Muitas dessas subculturas, como o punk e o hip hop, começaram nas margens da sociedade. Com o tempo, elas são absorvidas pelos mercados mainstream.
Esse processo pode enriquecer a moda, a música e o entretenimento. Mas também pode diluir as características originais de uma subcultura.
A presença feminina em subculturas juvenis é muitas vezes ignorada. Isso acontece especialmente nos movimentos ligados à música e estética. Viviane Magro, em sua pesquisa sobre meninas do graffiti, destaca a complexidade da identidade delas.
Elas enfrentam desafios envolvendo raça, classe e gênero. A maior parte da literatura se concentra em perspectivas masculinas. Isso deixa um espaço grande sem entender direito as experiências femininas nas cenas alternativas.
A mídia contribui para a pouca visibilidade das mulheres nessas subculturas. Ela foca em histórias sensacionalistas e violentas, deixando as mulheres de fora das suas narrativas. Kathleen Karlyn e Anne O’Connell falam sobre a importância de estudar mais as culturas juvenis. Isso ajuda a entender melhor o feminismo e a experiência das mulheres jovens.
Há uma necessidade urgente de mais pesquisas sobre mulheres em culturas juvenis. Isso é essencial para compreender totalmente as dinâmicas culturais complexas que existem.
Significado de Pertencimento
O que significa pertencer? É um conceito que envolve pensar, sentir e avaliar nossa conexão com grupos. Pertencer a grupos como tribos urbanas nos dá uma identidade e senso de comunidade. Dentro desses grupos, encontramos apoio, aceitação, e espaço para sermos nós mesmos. Isso é muito importante para quem se sente à margem da sociedade.
Na ciência social, estudamos como coesão, atração e liderança afetam nossa integração em grupos. Movimentos sociais são moldados por desafios às injustiças sociais, segundo teóricos como Castells e Lojkine. Mesmo assim, eles não são muito explorados pela Psicologia.
Recentemente, a Psicologia Social nos EUA tem focado menos em grupos grandes. Está mais interessada em pequenos grupos. Isso deixa uma lacuna no entendimento de como nos encaixamos em movimentos sociais ou tribos urbanas.
As crenças e normas de uma tribo urbana moldam como seus membros interagem. No Brasil, movimentos como o contra a carestia e o “Diretas, já” mostram a importância do pertencer. Também destacam o valor do diálogo entre diferentes áreas do conhecimento.
O que não pode ser considerado uma subcultura
Para saber o que não é subcultura, precisamos entender o que a define. Subculturas são grupos com valores e estilos de vida próprios. Eles se diferem da cultura principal. Assim, coisas como profissão e nacionalidade não se encaixam. Elas não são sobre escolhas de estilo de vida ou estética.
Albert Cohen em 1955 falou sobre a diversidade na sociedade e a resposta a comportamentos diferentes. Subculturas se formam quando pessoas se unem por valores únicos, distintos da maioria. Profissões e nacionalidades, contudo, não são escolhas pessoais. Elas não expressam um estilo de vida escolhido.
Outro ponto é a anomia, ideia de Durkheim e Merton. Ela fala sobre a falta de normas ou metas inalcançáveis de maneira legítima. Mas isso não cria uma subcultura. Subculturas, como a delinquência juvenil mencionada por Cohen, surgem de atitudes e busca por reconhecimento, diferente da anomia. Assim, subculturas refletem escolhas e resistências, não a falta de opções.